sexta-feira, 29 de junho de 2012

Tambores



Fast Poetry
(escrito numa sexta-feira vazia)

Olho ao meu redor e nada vejo
Fecho os olhos e o silêncio me agarra
Estou vazio

O conteúdo de meus sentimentos escorre pelo chão
Tento juntar os cacos de esperanças

Meus olhos estão cheios de água
Frases desconexas de desencanto vazam para minha poesia

Vou enganar meu sentidos
Caminhar entre pessoas reais,
fingindo minha realidade,
disfarçando minhas lágrimas

Em algum lugar ouço risos distantes,
são como ecos de um mundo alienígena morto

A tristeza não se cala,
o som de seus tambores é tão alto
que já não ouço mais meu coração



Arte Sacra


Primeiro a borboleta sequestrou meus sentidos,
ela voou ousada no céu daquelas costas,
dando rasantes sobre os belos penhascos de seus ombros

Então as estrelas explodiram,
um Big Bang de beleza em um vazio de pele alva
De repente um Universo em chamas sossegou na maciez de sua pele

Por fim a Lua nasceu no oceano de suas espátulas
e ela transformou-se no próprio Luar,
etérea, mágica, sensual

Então toda aquela criação pousou tranquila e bela em suas costas

E meu olhar foi arrebatado
Lá estava, como um afresco no templo de seu corpo perfeito,
a tatuagem


domingo, 24 de junho de 2012

Seus Olhos

Crédito da Imagem:


Quando olho em seus olhos, eu me perco
Seu olhar contem tudo que realmente importa

Toda alegria e toda tristeza
toda esperança e toda frustração
todo amor e toda negação
toda beleza

Um todo que já não cabe em minhas palavras,
cabe em seus belos olhos

Quando olho em seus olhos, eu me perco
Perco-me tentado ler sua alma,
porque é neles que ela está escrita,
numa língua misteriosa e linda

Quando olho em seus olhos, eu me perco
Perco-me enquanto sonho acordado
Sonho que sou a visão que eles mais desejam,
embora eu saiba que não sou

Estou perdido na imensidão de seus olhos,
e já apaguei de meu coração o caminho de volta.


sexta-feira, 22 de junho de 2012

Escrevoando


Erato Muse of Poetry (c. 1870) 
by Edward John Poynter   


E a Poeta-Musa abre suas asas feitas de palavras
Cada pena um verbo, um substantivo, um adjetivo, uma ideia
Ela escrevoa, feminina-perfeição, ideal artístico, cruzando o céu azúlico
As pessoas lá embaixo sorriem, tomadas pela visão daquele lindo anjo literário
E cantam, repetindo a canção lírica que a Poeta-Musa escreve em seus corações  


terça-feira, 19 de junho de 2012

Poema às sardas/Poem for the Freckles


"Porque um rosto sem sardas é igual a um céu sem as estrelas"
Natasha  Bedingfield

Ali elas estão,
desafiando a brancura láctea de sua pele

Sardas audazes navegando em
esquadra no grande mar de beleza de seu rosto

Elas surfam nas ondas poderosas de cada sorriso seu

Guiando-se pelas constelações de seus olhos,
elas buscam a terra prometida de seu coração



English version:



Poem for the Freckles
 

There they are,
challenging the milky whiteness of your skin

Freckles boldly sailing

A fleet at a vast ocean of beauty
 

They surf in the powerful waves of your smile
 

Guided by the constellations in your eyes,
seeking the promised land of a pure heart

quarta-feira, 13 de junho de 2012

O Pássaro e a Pedra

Crédito da Imagem:


    Este continho tolo está em minha cabeça há tempos. Finalmente conseguiu escapar. É tremendamente sentimental e escrito direto, sem muita crítica.

      Era uma vez uma pedra que se apaixonou por um pássaro.
      Todas as manhãs a pedra, presa ao chão duro, admirava a ave no galho acima, cantando docemente e dançando, dourada como um pedaço de Sol.
      Certo dia um garoto apareceu e silenciosamente aproximou-se, observando o pássaro fazer seu ritual diário. Ele olhou por algum tempo e tirou algo do bolso da calça. O menino abaixou-se e tateando o chão pegou a pedra e colocou-a em seu estilingue.Finalmente a pedra percebeu o que estava acontecendo e fez todo esforço que podia para libertar-se do abraço daquela tira de borracha, mas foi inútil. Afinal era de sua natureza ser imóvel.
      Com um zumbido alto, num instante, a pedra estava no ar. Por um momento a pedra sentiu-se feliz. Por um instante a pedra foi pássaro.
      Percebendo que aproximava-se de sua amada ave, concentrou-se, fez todo esforço possível em sua condição de pássaro-pedra, sonhou que tinha asas e consegui mudar sua trajetória. Passou a um olhar de distância de sua adorada ave, próxima como nunca pode estar e respirou, com alívio ao conseguir errar o alvo.
      Lá embaixo o garoto soltou uma exclamação da frustração e voltou para casa.
      O voo da pedra-pássaro terminou ali perto. Ela caiu em meio ao mato. A ave, aliviada, mudou-se para um galho mais alto.
      De onde caíra a pedra não podia mais ver o pássaro, mas conseguia ouvir seu canto doce.
Mesmo triste a pedra sorria, lembrando-se do instante em que foi pássaro e que seu afeto lhe emprestou asas.

terça-feira, 12 de junho de 2012

Silêncio

Crédito da Imagem:


Fast Poetry(escrita em um ônibus num dia dos namorados nublado)

Silêncio

O que fazer quando o Anjo se cala?
Então tudo que resta é o silêncio de sentimentos suspensos no ar

O que fazer quando a Beleza silencia?
Então tudo que resta é este gosto oco de solidão

O que fazer quando a Esperança não canta?
Então tudo que resta é a lembrança de sonhos

Eu não sei

Apenas sento-me no quarto escuro de meu coração,
em silêncio,
ouvindo a tempestade da vida lá fora


quinta-feira, 7 de junho de 2012

Suavemente

Crédito da Imagem:


Fast Poetry:
(escrita em um feriado chuvoso e solitário)

Suavemente

Eu comecei a amar você suavemente
sem nem me dar conta

De súbito percebi que seu silêncio tornava o mundo vazio
De súbito percebi que sua ausência tornava a vida árida

Eu comecei a amar você suavemente
porque você é suave como o luar

De súbito me dei conta que tinha um coração de novo
De súbito ficou claro que ele não podia ficar sem você

Eu comecei a amar você suavemente
apenas porque sou capaz de sentir tudo de maravilhoso que você é
Mas será que você é capaz de perceber que ninguém a sente como eu?

Não sei


quarta-feira, 6 de junho de 2012

Não posso



Não posso deixar de gostar de você,
como não posso deixar de admirar o brilho de estrelas esquecidas há anos-luz
Não posso deixar de gostar de você,
mesmo que meus sentimentos despenquem no abismo da não-retribuição

Não posso deixar de me apaixonar por você,
como não posso deixar de fechar os olhos na praia e ouvir a música do mar
Não posso deixar de me apaixonar por você,
mesmo que minhas juras se esfacelem contra uma parede de silêncio

Não posso deixar de amar você,
porque não consigo convencer meu tolo coração a abandonar a esperança
A esperança de ser amado e compreendido
Não posso deixar de amar você,
mesmo que seu coração habite terras distantes

Quando você me olha, com estes olhos profundos como lendas antigas,
sei que sou real,
e ouço a música de meu coração depois de tanto silêncio

terça-feira, 5 de junho de 2012

Chuva


Crédito da Imagem:

Fast Poetry:
(escrita na estação de trem durante a chuva, claro)


Chuva

A chuva insiste em encharcar o dia
e estranhamente me lembra do deserto
Lembra-me do deserto em meu coração

Mas quando você chove em mim
linda e morna como uma chuva de verão no Paraíso, 
meu espírito floresce de novo