sexta-feira, 20 de julho de 2012

Peregrinos



A peregrina deixou sua pequena aldeia ainda jovem. Disse que gostaria de conhecer o Mundo e buscar as razões do afeto e do amor em ensinamentos profundos.

Quando ela partiu, outro jovem de sua aldeia a acompanhou. O rapaz sempre a admirara ao longe, mas a ideia de vê-la partir enchia seu coração de tristeza.

No começo ela não compreendeu bem aquilo. Ele sempre guardava uma certa distância, mas estava sempre lá, zelando.

Ajudava-a na busca por comida e abrigo. Nas noites frias, quando ela sentia o ânimo de sua busca amainar e a tristeza espreitava, ele contava histórias tolas do vilarejo para animá-la.

Ele a ouvia embevecido falar sobre sua busca da Verdade e do Amor e discutiam sobre os ensinamentos deste ou daquele mestre que haviam visitado.

Enfrentavam juntos os elementos, as estradas sombrias e os salteadores.

Certo dia chegaram a uma estrada bifurcada. Ela ouvira sobre a grande sabedoria dos mestres da região e vinhera em busca de seu templo.

Separando os dois braços da estrada estava uma modesta casa. A fumaça branca saia da chaminé e na pequena varanda um senhora estava sentada.

"Senhora", disse ela, "qual o caminho para o templo?"
A velha a olhou com olhos cansados e profundos.

"O que buscas, minha jovem?"

A pergunta a pegou de surpresa. Depois deste tempo todo, não sabia colocar sua busca exatamente em palavras.

"Tantos já passaram por aqui", a velha continuou,"buscando iluminação, sabedoria, segredos divinos e tantas outras palavras bonitas".

"A senhora vive aqui há muito tempo?", ela questinou.

"Muuuittto tempo."

A velha levantou-se um pouco da cadeira e olhou por cima do ombro da jovem.

"Quem é rapaz?", perguntou.

"Acho que posso dizer que é meu companheiro de viagem"
"E o que ele faz?", insistiu a ancião.

"Ele ajuda-me com coisas práticas, como a busca por comida ou abrigo".

"E o que mais?", insistiu a grisalha senhora.

"Dividimos o conhecimento que adquirimos,ele me anima com sua histórias, alegra-me com sua canções, me mantem no caminho com sua fé em mim.

A velha levantou-se e gritou para o rapaz:

"Qual o teu nome, meu jovem?"

Ele, ainda um tanto surpreso, gritou de volta, e sua palavras ecoaram ruidosas nas montanhas.
"Aí está minha jovem"

"Não entendi", disse ela.

"Eis o nome daquilo que procuras".

A Peregrina virou-se e encarou o rapaz profundamente.

Começou a andar em sua direção e ele recuou alguns passos. Ela insistiu até estar bem perto. Olhou-o novamente nos olhos e sorrindo o tomou pela mão, puxando-o para seu lado.
Em sua pequena varanda, a velha sorriu.

"Tomem o caminho da direita, meus jovens", ela disse.
"É este o do templo?", perguntou a Peregrina.

"Na verdade os dois são. Ambos irão levá-los a coisa assustadoras e belas, mas que sempre valem a pena"

Os Peregrinos se olharam, riram saborosamente e tomaram o caminho indicado.

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